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Métodos para produções de populações Monossexo da Tilápia

Na piscicultura comercial é importante que os peixes não iniciem a reprodução nos ambientes de criação antes de alcançarem o tamanho e o peso adequado para a comercialização. No caso das tilápias, as suas características reprodutivas, como: alta capacidade de reprodução, maturidade sexual precoce, fecundidade relativa elevada e desova frequente, têm levado a uma das principais difi culdades encontradas pelos criadores de tilápias, que é a superpopulação dentro dos viveiros de cultivo, o que prejudica a taxa de crescimento dos indivíduos.

Os machos de tilápia apresentam melhor crescimento e melhor desempenho na engorda, uma vez que as fêmeas, além de utilizar grande parte de suas reservas para as atividades reprodutivas, não se alimentam durante o período da incubação oral dos ovos. Entre os principais métodos utilizados destacam-se a sexagem manual, a hibridação interespecífi ca, a manipulação cromossômica e a reversão hormonal.

Sexagem Manual

Um dos primeiros métodos utilizados, a sexagem manual consiste na separação de machos e fêmeas por meio da observação da papila urogenital e de outras características, como a maior altura do corpo e a pigmentação mais intensa nos machos.

As principais desvantagens desse método são: necessidade de produzir juvenis com idade entre 60 e 90 dias, o que demanda maior espaço físico e insumos; pequena disponibilidade de mão de obra treinada; grande demanda de tempo para a seleção; mortalidade após o manejo; descarte das fêmeas; margem de erro alcançando percentuais de machos inferiores a 90%.

Hibridação interespecífica

Na tilápia-do-nilo e na tilápia-de-moçambique, as fêmeas são XX – homogaméticas com apenas cromossomos X –, e os machos são XY –heterogaméticos com um cromossomo X e um Y. Na tilápia-azul e na tilápia-de-zanzibar, os machos são homogaméticos com dois cromossomos iguais (ZZ) e as fêmeas são heterogaméticas com dois cromossomos diferentes (ZW).

O cruzamento entre fêmeas puras XX e machos puros ZZ, resulta em híbridos machos XZ. Os principais problemas encontrados na hibridação são: a incompatibilidade entre as espécies, levando à morte de reprodutores no acasalamento; as difi culdades na manutenção de 14 Criação de tilápias linhagens puras; a necessidade de espaço físico para o isolamento dos reprodutores. Junto a essas difi culdades, tem-se ainda a infl uência de fatores ambientais (temperatura), fazendo com que os percentuais de machos variem de 70 a 100%.

Manipulação cromossômica

Por meio da manipulação genética e dos cruzamentos dirigidos, foram desenvolvidas linhagens de tilápias “supermachos”, também conhecidas como GMT (genetic male tilapia), com cromossomos sexuais YY. No cruzamento do “supermacho” (YY) com fêmeas normais (XX) são produzidos alevinos machos (XY). As principais difi culdades são: o alto custo dos reprodutores, a infl uência de outros fatores genéticos e de fatores ambientais, que fazem com que o percentual de machos seja de 70 a 100%.

Reversão hormonal

O método de criação de populações com indivíduos monossexo, que vem sendo mais utilizado em tilápias, por ser considerado mais efi ciente e economicamente viável, tem sido a reversão sexual de larvas, com a utilização de hormônios masculinos. As larvas utilizadas podem ser obtidas por meio da coleta de nuvens de larvas, nos viveiros onde estão estocados os reprodutores, ou por meio da incubação artifi cial dos ovos, coletados diretamente da boca das fêmeas em reprodução.

As larvas passam por uma seleção e recebem uma ração preparada com hormônios sexuais por um período mínimo de 28 dias. A reversão hormonal apresenta as vantagens de ser um método simples, de fácil acesso aos piscicultores e de baixo custo. Também é infl uenciada por fatores genéticos e ambientais (temperatura), o que ocasiona variação nos percentuais de machos de 80 a 100%. Como principal desvantagem, o uso do hormônio 17 alfa-metiltestosterona levanta questões éticas (presença do produto nos tecidos dos peixes) e ambientais (impacto da eliminação dos resíduos no meio ambiente).

Uso da temperatura

Além dos outros métodos já citados, o uso da temperatura na produção de alevinos machos de tilápia tem sido testado com bons resultados experimentais. A elevação da temperatura da água (35–37 o C) nas fases iniciais de desenvolvimento dos peixes produz um efeito masculinizante.

A proporção de machos produzidos varia de 80 a 100%, dependendo das espécies e das linhagens/famílias utilizadas, sendo necessários mais estudos para a aplicação comercial desse método.

Conclusão final

Em conclusão, na piscicultura comercial, a gestão eficaz das características reprodutivas das tilápias é essencial para evitar a superpopulação nos viveiros de cultivo. O controle da reprodução é crucial para garantir que os peixes alcancem o tamanho e peso adequados para a comercialização, otimizando assim a produção e a qualidade dos animais destinados ao mercado.

Ao enfrentar os desafios associados à alta capacidade de reprodução, maturidade sexual precoce e desova frequente das tilápias, os criadores podem implementar estratégias que equilibrem a reprodução com as metas comerciais, promovendo um ambiente sustentável e saudável para a aquicultura.

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