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Como começar a criar Tilápia em cativeiro

Inciando o projeto de criação de Tilápia em cativeiro, com todos os passos necessários para se ter um bom rendimento e aproveitamento de espaço. Neste artigo você verá de modo detalhado as etapas cruciais para começar a sua vida na piscicultura.

Iniciando o projeto de Psicicultura de Tilápia

Ao planejar o início de um projeto de criação de tilápias, o produtor deve procurar respostas para as seguintes perguntas:

  • Quais serão os consumidores da produção de peixes?
  • Como serão produzidos os peixes?
  • A receita será maior que os custos?

As respostas a essas perguntas levam a três aspectos fundamentais: a viabilidade de mercado, a viabilidade técnica e a viabilidade econômica. Além disso, outra questão muito importante é levantar as expectativas pessoais referentes ao projeto, tais como:

  • Quanto se pretende ganhar por ano?
  • Ficará satisfeito com um lucro anual entre R$ 50.00,00 e R$150.000,00 ou será necessário um lucro maior que R$ 150.000,00?
  • Quanto se está disposto a investir no projeto?
  • Vão ser utilizados recursos próprios ou será necessário fazer fi nanciamento?
  • Quanto tempo pode-se esperar pelo retorno do investimento?

O próximo passo é obter o maior número possível de informações sobre a atividade, informando-se com extensionistas da região, visitas a outros produtores que estão na atividade de criação de peixes, ou ainda visita em prováveis locais de comercialização.

Veja também como reduzir as infiltrações em viveiros de Tilápia

O Mercado de criação de Tilápias

O Distrito Federal apresenta-se como um mercado muito característico, com mais de dois milhões de habitantes e a maior renda per capita do país. Situado a cerca de 1.000 km do mar e não possuindo rios expressivos na região, o Distrito Federal importa a maior parte do pescado consumido de outras regiões.

Estudos recentes constataram uma evolução expressiva na demanda de pescado em Brasília, apontando para um consumo anual acima de 12 kg per capita, o que mostra que a região tem um consumo duas vezes maior que a média brasileira.

A produção local responde com menos de 20% do volume total de peixe de água doce consumido. A maioria dos piscicultores da região aproveita o período da Semana Santa para escoar a produção, favorecidos pela alta procura e por bons preços. Não conseguem abastecer os pesqueiros pesquepague, que buscam peixes vivos em outras regiões.

Além disso, existe grande potencial para a expansão no consumo de tilápias na região. Um aumento de 1 kg no consumo per capita gera a demanda de cerca de 2.000 toneladas de pescado fresco ou congelado por ano. Se esse acréscimo for preenchido por fi lés de tilápia, seria necessário um crescimento na produção regional na ordem de 6.000 toneladas.

O mercado mostra-se atrativo e estimulante, porém os produtores, em iniciativas isoladas, têm encontrado grandes difi culdades na comercialização da produção. Diante disso, deve ser adotado um melhor planejamento e organização dos produtores para que possam tirar proveito desse mercado favorável, a fi m de alcançar êxito na atividade da criação de tilápias na região.

Criar Tilápias em viveiros escavados

A criação de tilápias em viveiros escavados é a forma atualmente mais utilizada na região do Distrito Federal e Entorno. O sistema descrito a seguir é denominado de semi-intensivo, com produtividade na faixa de 10 a 12 toneladas por hectare por ciclo de produção, com baixa renovação de água (“águas verdes”), adubações e uso de rações balanceadas.

A regularização ambiental da atividade é um dos pré-requisitos mais importantes para a implantação do projeto. Antes de dar início às obras de terraplanagem e construção são necessários a solicitação da outorga de direito de uso de água e da licença ambiental junto aos órgãos ambientais estaduais ou federais, conforme a localização do projeto.

Seleção da área para criação de Tilápia

Na seleção da área para a implantação dos viveiros, deve-se observar as condições de sustentabilidade do projeto, no que se referem às questões ambientais e econômicas, custos de implantação e de operação, pois isso irá determinar o sucesso do empreendimento. Abaixo estão descritas algumas dessas condições: Topografia do terreno – o ideal é que a área escolhida seja plana ou com uma declividade suave (máximo de 2%).

Quanto maior for o desnível, maior será o volume de terra a ser deslocado, o que aumenta os custos dos serviços mecanizados. Tipo de solo – os solos mais indicados devem apresentar cerca de 35% de teor de argila. Solos com teor de areia acima de 50% não são recomendados.

Quando o solo possui muita areia e cascalho, há grande perda de água por infi ltração. Água – deve ser de boa qualidade, livre de agrotóxicos e outros poluentes. A vazão requerida é de 10 a 15 litros por segundo por hectare, de área de viveiros, volume sufi ciente para compensar as perdas pela evaporação e infi ltração, e para se fazer renovações diárias quando for necessário.

É recomendável que o abastecimento de água aconteça com o aproveitamento do declive do terreno, evitando-se o abastecimento dos viveiros com bombas. Se utilizar águas subterrâneas, recomenda-se que a água percorra um canal a céu aberto para reduzir o excesso de gases dissolvidos. Meio Ambiente – devem ser respeitadas as áreas de preservação ambiental, tais como: área de preservação permanente (APP), matas ciliares e proteção de nascentes.

Verifi car as legislações federais, estaduais e municipais. Clima – a variação climática observada na região deve ser compatível com os requerimentos das tilápias, principalmente em relação à temperatura e sua amplitude diária. Infraestrutura – deve-se ter disponibilidade de energia elétrica, acesso a estradas ao longo do ano, escoamento da produção, proximidade de fornecedores de insumos e presença de mão de obra qualifi cada.

Instalações

Ainda que se possa utilizar represas ou reservatórios de irrigação, para melhores resultados faz-se necessária a utilização de viveiros escavados na terra, próprios para a criação de peixes, observando-se os seguintes passos: Preparação da área – antes de iniciar a construção, deve ser feita uma limpeza da área, com a retirada de galhos, raízes e restos de vegetação.

Os viveiros devem ser localizados determinando as diferenças de nível existentes em vários pontos na área, utilizando-se aparelho de verifi cação de nível ou instrumentos mais simples como uma trena e mangueira transparente (levantamento planialtimétrico). Deve-se dar atenção à presença de formigueiros, que podem causar sérios problemas de infi ltração de água. Dimensões – geralmente os viveiros são de formato retangular, seguindo as curvas de nível do terreno, com o comprimento igual a três ou quatro vezes a largura. Para facilitar o manejo das redes, a largura deve ser de no máximo 30 a 40 metros.

Para evitar problemas com a erosão, o sentido do comprimento deve ser perpendicular ao sentido dos ventos predominantes. Nas regiões mais rasas dos viveiros, a profundidade de água deve ter no mínimo 1 metro, para evitar o desenvolvimento de plantas aquáticas e algas fi lamentosas. A profundidade das regiões mais profundas deve variar entre 1,50 e 2,50 metros. Não utilizar profundidades acima de 3 metros porque favorece a estratifi cação térmica da água e, quanto maior a profundidade, maiores são os custos com a movimentação de terra.

Para viveiros, as áreas entre 500 e 2.000 metros quadrados são indicadas para larvicultura e alevinagem; áreas entre 2.000 e 5.000 metros quadrados são recomendadas para produção de juvenis (recria); e áreas entre 5.000 e 20.000 metros quadrados são indicadas para engorda. Também podem ser utilizados viveiros com áreas maiores, porém exigem a mecanização do arraçoamento e da despesca. Os taludes devem ter uma inclinação mínima variando de 1:2,5 a 1:3, aumentando a durabilidade dos viveiros e facilitando as operações de despesca.

Estimativa de uso de máquinas para cavar e estruturar o criatório

Estimativas para uso de máquinas
Para 10.000 metros quadrados (1 ha):
• Trator de esteira médio: 150 a 200 horas
• Retroescavadeira: 25 a 30 horas

Abastecimento – o sistema de abastecimento deve ser independente para cada viveiro e permitir a regulagem do volume de água que entra. Deve estar localizado de 30 a 40 cm acima do nível da água. É recomendado um sistema de proteção, com a utilização de fi ltros mecânicos na entrada de água dos canais de abastecimento e dos viveiros, que tem como fi nalidade prevenir a entrada de peixes e outros organismos indesejáveis nos viveiros de criação.

Geralmente são utilizados fi ltros de tela fi xa ou rotativa, e fi ltros (caixas) de areia e brita. Drenagem – é necessário que cada viveiro tenha um sistema que permita fazer a drenagem e a renovação da água do fundo, a fim de possibilitar também o controle do nível da água. O fundo do viveiro deve ser bem plano e com declividade de 1 a 0,5%, variando de acordo com a profundidade e o comprimento dos viveiros, em direção ao local de escoamento.

Podem ser utilizados materiais diversos como cotovelos de canos de PVC, manilhas de concreto ou monges de alvenaria. Quando for necessária, a renovação deve ser feita trocando-se a água do fundo dos viveiros. Deve-se evitar a passagem de água de um viveiro para outro. Uma maneira de facilitar a captura das tilápias durante a despesca é a construção de caixas de manejo ou coleta junto à área de drenagem dos viveiros.

A caixa de manejo deve ser calculada para manter de 50 a 150 kg de peixe por metro cúbico, e possuir uma profundidade entre 60 e 80 cm. Além do manejo, as caixas podem ser utilizadas na classifi cação e na depuração dos peixes.

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